Existem diversos prémios literários, alguns entregues a nível lusófono e outros a nível mundial. É claro que, aos olhos da crítica e da imprensa, os livros premiados a nível mundial são sempre mais valorizados e considerados de maior qualidade – o que leva a uma publicação quase instantânea por parte das editoras, que seguidamente promovem intensamente os respetivos livros.
Por contraste, os prémios lusófonos, à exceção do Prémio José Saramago, são olhados com menos interesse, algo que é bastante notável – isto aconteceu com o prémio Oceanos de 2023, em que a jovem escritora Valentina Silva Ferreira, autora de Vertigens, se viu apresentada como sendo brasileira pela imprensa, quando é portuguesa*. Este episódio leva a outro ponto dos prémios lusófonos, especialmente aqueles atribuídos exclusivamente a autores portugueses: os jovens autores/autoras, assim como escritores de minorias, não tendem a ser galardoados, havendo uma cultura de elitização da literatura – uma ideia que muitos críticos, assim como outras pessoas importantes do meio editorial, adotam e defendem.
Podemos assim concluir
que quando é atribuído um prémio estrangeiro de renome, o livro correspondente
é bom, tem de se conhecer e ler – há uma importação imediata. Quando é um
prémio mais pequeno, à escala dos países de língua portuguesa, encontramos uma
desvalorização das obras vencedoras, que recebem pouca atenção. Contudo, é
importante apontar que, muitas vezes, as melhores obras que nos chegam às mãos
não receberam nenhum prémio – assim podemos perguntar-nos qual é o verdadeiro
valor de um prémio literário.
Mafalda Fontinha
20/10/2023
Sem comentários:
Enviar um comentário