Economia ou cultura? Economia e cultura. Ao refletirmos sobre a questão dum livro ser um elemento cultural ou um elemento económico, entendemos a necessidade deste se inserir num plano cultural e inevitavelmente num plano económico. A cultura e a economia, apesar de diferentes, devem andar lado a lado, sendo que uma não vive sem a outra e vice-versa. O investimento na cultura pressupõe uma base económica e a necessidade do retorno, gerando uma indústria de cultura que possa subsistir e desenvolver-se. E o mercado livreiro, ramo desta indústria, não funciona de forma diferente.
Com o nascimento da imprensa e o desenvolvimento do mercado livreiro – em especial quando este se propõe, ao longo do tempo, cada vez mais acessível – o objeto do livro altera-se, deixando de ser apenas visto numa perspetiva de gosto e de conhecimento. Ao estarmos conscientes que vivemos num sistema capitalista é necessário refletir, numa perspetiva lucrativa, sobre questões que concernem ao quão apelativa pode uma obra ser, por exemplo: O tema é relevante no panorama atual? O livro cumpre os requisitos estéticos para ser atrativo? Trará o lucro suficiente a quem o vende e escreve? São questões que talvez não se colocassem no século XIV quando era pedido a um monge que copiasse uma obra.
A importância da indústria da cultura torna-se tal que o próprio Estado contribui com alguns programas de apoio económico tendo em vista o desenvolvimento da indústria da cultura uma vez que esta impacta diretamente o posicionamento face ao exterior – algo que num mundo cada vez mais globalizado se torna relevante.
Podemos imaginar que um país que opte por não desenvolver a sua cultura devido a lacunas financeiras tenha tendência a continuar a empobrecer simultaneamente nas duas áreas. É preciso, por isso, que encaremos os livros e o mercado editorial como isso mesmo – mais uma indústria do mundo da cultura, com todas as implicações que mercado e cultura pressupõem.
Soraia Pereira
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