quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Os ‘Sensitivity readers’: editores alinhados ao zeitgeist ou ‘nada de novo no front’?

Recentemente o romancista Ian McEwan, ganhador do Booker Prize, expôs suas impressões em artigo do The Guardian, sobre a contratação dos chamados ‘sensitivity readers’, considerando a tendência editorial um caso de ‘histeria de massa’ e ‘pânico moral’. Uma clara censura prévia ao autor e até mesmo uma certa infantilização do leitor.

O debate sobre a nova profissão já havia ganhado espaço na esfera pública com a publicação do artigo Sensitivity readers: what publishing’s most polarising role is really about  no mesmo The Guardian

Seria a contratação de profissionais especializados em temáticas “sensíveis” efetivamente uma nova ferramenta editorial para analisar o uso de clichés, estereótipos e discurso discriminatório? Ou a moda nada mais é que uma nova roupagem para um velho procedimento que sempre foi feito pelo editor alinhado com o seu zeitgeist? Ou ainda apenas um novo campo da folha de pagamento introduzido por editores muito ocupados? Que estes ao menos não sejam tão sensíveis. Segmentação do mercado e hiperespecialização do trabalho não são exatamente uma novidade no capitalismo avançado.


1 comentário:

  1. Já dizia o Tom Hanks: "Deixem-me decidir aquilo que me ofende". Pessoalmente preferia viver num mundo de total libertinagem e de anarquia criativa, que me ofendesse a torto e a direito, a viver numa realidade de liberdade inventiva condicionada, onde uma entidade (ou mais) monitoriza e decide o que deve ou não ser escrito para não se correr o risco de ferir espíritos alheios. No meu micro-mundo isso costuma ter um nome nada elogioso e que começa em lápis...e habitualmente termina em azul.

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