“Deixe estar, eu vou ali ao continente que é mais barato”,
esta foi uma das frases que eu mais ouvi neste meu último ano como livreira e,
embora eu preferisse não a ter ouvido, não deixa de ser verdade.
Os hipermercados têm sido uma presença cada vez maior no mercado livreiro.
Sem a necessidade de fidelização, o cliente pode desfrutar de descontos
directos em qualquer livro que encontre no hipermercado- algo que não fará uma
grande diferença nas novidades (livros com menos de 24 meses), que, devido à
lei do preço fixo, não podem ter mais do que 10%.
Mesmo assim, várias pessoas deslocam-se todos os dias ao seu hipermercado
de eleição e aproveitam para comprar um livro. Além das novidades em grandes
quantidades, é possível encontrar pirâmides de livros que, por já andarem no
armazém da editora há algum tempo, foram ali parar com etiquetas de 50% de
desconto ou mais.
No entanto, para quem procura um livro em específico, talvez seja difícil
de o encontrar no hipermercado, e com a ausência de uma pessoa mais
especializada para ajudar é preciso ir à livraria para o encontrar.
Nas livrarias, nomeadamente as pertencentes aos grandes grupos, apesar de o
foco estar também nas novidades e nos livros mais comerciais, é sempre possível
descobrir algo de novo. É certo, também, que é mais provável terem o livro
procurado.
Todos os dias úteis chega novo material à loja, quer seja novidades ou
reposições, isto implica na maioria das vezes uma reorganização de secções de
modo a caberem os novos livros que chegarem. Os destaques são sempre diferentes
e os livros estão sempre a mudar de lugar. Este exercício constante de
arrumação leva o livreiro a conhecer a sua loja como a palma da sua mão, o que
dá jeito quando outra parte significativa do trabalho é a procura dos livros.
Atribuo, assim, a beleza da livraria ao livreiro, a pessoa que mesmo
trabalhando numa rede de livrarias onde, por norma as lojas são iguais,
consegue trazer algo de novo ao seu local de trabalho.
Ana Luísa Vasconcelos
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