sexta-feira, 8 de março de 2024

Sumário aula 4 (6/3)

 1. O princípio do constrangimento 

1.1. ajuda a libertar cabeça e mão. Parece um paradoxo mas é como o soneto de Camões «Amor é fogo que arde sem se ver». Aliás, como observou Jorge Luis Borges num ensaio breve mas luminoso sobre Oscar Wilde (ou luminoso precisamente porque breve), os oxímoros e outros paradoxos são muitas vezes a expressão mais eloquente do bom senso. 

1.2. OuLiPo. Quem se quiser interessar pelo OuLiPo, pode fazer pesquisas. Há vários livros com os seus exercícios e constrangimentos, além de livros concretos (ficção, poemas, peças) esctiros escritos pelos seus membros. 

1.3. Importante é usar o instrumento adequado. Muita gente não o faz e depois falha, não por falta de jeito, apenas por falta de presença de espírito. Um exemplo flagrante (não dado em aula) é o anagrama. Basta pegarmos num nome e alterar a ordem das letras. O OuLiPo «inventou» o Belo Casamento: oferecer a um par de namorados um anagrama com os nomes de ambos. Aqui torna-se claro que, se fizermos só contas de cabeça, será muito diferente de usarmos a caneta para as várias tentativas. Mas há um instrumento de escrita ainda melhor: a tesoura. Se escrevermos as palavras a usar no jogo e depois cortarmos as letras com uma tesoura, fica muito mais fácil baralhar as letras e vê-las como aquilo que doravante são, as peças do jogo com que vamos jogar. 

2. Fizemos os exercícios 8-10. Notável como toda a gente (pelo menos 100% das que ouvimos em aula) conseguiu fazer uma boa história com apenas três palavras, obedecendo ao constrangimento imposto.  

3. Mini masterclass com Rita Ray

E tivemos uma breve visita de Rita Ray, tradutora do português e do francês para língua bangla. 


4. Analisámos também sobre a capa da Vogue Ukraine nº5/2024. Não tanto para falarmos de política (embora sejamos adultos e também haja edição de política e o docente da cadeira considere que o ato de editar também é político) mas porque a organização visual é tão importante para o texto verbal como para o texto visual (cf. Paul Ricoeur ou Umberto Eco).  

4.1. « La dernière couverture numérique de l'édition 5 de Vogue Ukraine, avec le mannequin Karina Mazyar entourée de cadets de l'école militaire Ivan Bohun de Kiev Lyceum. La guerre est autant fun aujourd'hui qu'en 40 ou en 14. » (G. Duflot)*


4.2. A este propósito, o docente referiu que cresceu com a ideia de que ser cosmopolita era uma coisa boa. A guerra voltou tornar o termo uma acusação, de momento sobretudo na Ucrânia e na Rússia. 

* «A última capa da edição 5 de Vogue Ukraine, com a manequim Karina Mazyar rodeada de cadetes do Colégio Militar Ivan Bohun de Kiev Lyceum. A guerra é de novo tão fun hoje como em 1940 ou 1914» [Trad. livre]. 


 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Até sempre

 Terminado este ano, muito obrigada pelas partilhas, Rui Zink. Muita sorte a todos os que ainda vão entrar no mercado de trabalho.  Façam mu...