(Sem título)
A cena de crime fazia lembrar um Pollock. O jovem considerava-se imoral, penando com a faca entre os lamuriosos dedos. Quando menos esperava, entrou alguém no salão e o perigo instalou-se. O homem, tornado testemunha, congelou ao ver a cena e da forma mais anticlimática que o jovem alguma vez viu, desmaiou.
– Não acredito que isto ganhou um Oscar – disse o meu irmão.
– Cala-te, estamos quase a chegar à melhor parte! – respondi.
– Não calo nada! Pouca vergonha! Quero ver o que é que o Lynch disse desta porcaria!
– Shhhhh! – ouve-se do outro lado da sala.
– Impressionante como a sociedade já não sabe respeitar uma boa conversa. O que é que queres? Eu também paguei bilhete como tu! Queres silêncio vai para casa, palhaço!
Era por isto que não queria vir ao cinema com o Bruno, sabia bem como ele se ia comportar, mas o desejo de ver este filme tinha-se sobreposto ao meu medo. Agora estava a pagar o preço.
Enterrei-me o mais que pude na cadeira e perguntei-me como é que aquele era o meu irmão. Mas, ao olhar para trás, já estava à bulha com a senhora idosa que reclamava.
E nesse momento, desejei que fosse ele, o Bruno, jazido a sangrar naquela cena de crime.
Zagalo Pereira
Francisca Nóbrega
Vanessa Anjos
Joana Peres
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