terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Eram todas boas capas (Parte II)

Podemos seguramente aprender com os nossos erros e com os erros de terceiros. Podemos também aprender com os modelos de quem sabe o que faz (ou que procura sabê-lo). Hoje trago alguns exemplos de capas de livros que considero como bons modelos de cover design. São demasiado bons e só por isso não chegam a ser perfeitos. São capas muito bem conseguidas, tendo estas um ou outro defeito (se é que se pode aplicar esta palavra a este campo de subjectividade) que não afecta em nada o seu resultado final. Que todos os defeitos do mundo fossem como estes e estaríamos todos a salvo.


O que esconde aquela flor? Qual a razão da colocação da flor que oculta um rosto? Esta flor e não outra porquê? Tudo perguntas que precisam de respostas. É o género de perguntas que procuro ver respondidas num livro. Esta capa desperta em mim o factor mistério que precisa de ser desvendado. Pessoalmente retiraria a referência às outras obras da autora porque o título e a fotografia falam por si.


Representa bem a expressão "menos é mais". Simples na imagem e nos tons usados, sem fazer uso de grandes artifícios. A esquadria que enquadra uma imagem cujas margens parecem envelhecidas e desgastadas quase evocando a memória que uma fotografia transmite, como se colada num álbum de família. O detalhe do "i" em mia nunca me cansa.


Sinto o corpo gélido sempre que olho para esta capa. Gélido no bom sentido. A enormidade (e tonalidade dominante) das árvores em contraste com o tamanho das figuras animadas deixa-me sempre encantada (man vs nature). E o rasto das pegadas na neve juntamente com o pormenor do cachecol sujeito à acção do vento? Sinto-me imersa no universo que faz suscitar. Como que perdida algures na imensidão da neve e da natureza junto deste alce e desta criança.

     

   Quando um livro consegue provar que ainda é possível fazer MAIS, MAIS E MAIS. Lindo no conceito. Lindo na execução. Lindo no simbolismo em torno do amor paternal. Contam as más-línguas da família que o meu pai quando pegou em mim a primeira vez tinha medo que caísse no chão e me encangalhasse toda. Deve fazer parte da fragilidade e do medo de ser pai. Um pai que protege a cria com as suas enormes mãos de todos os perigos. Esta capa traduz tão bem esse amor paternal. Um amor que ganha aqui a forma de cartão e papel. 

Vanessa Oliveira Anjos.

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