Arte! Não… ciência! Espera, já sei, ambas! Ou então… nenhuma?
Afinal, qual delas? Para ler,
arte. Para editar, ciência. Para escrever, ambas. Bem, mais ou menos. Para a
mente de um cientista, ler há de ser ciência, para a mente de um artista,
editar há de ser arte. Na minha opinião, o que quer que isso signifique, não há
livro sem ciência, mas há livro sem arte. Então, qualquer cientista – ou seja,
qualquer alguém que se dedique a estudar um saber objetivo na sua
contemporaneidade, quer seja química ou linguística; sirva de exemplo um
linguista que conheça, profundamente, as regras gramaticais da língua em que
escreve e que fala – é escritor, mas nem todo o artista o é? A arte é
subjetiva, a ciência, não. Quando leio, procuro uma história que encante, uma
personagem que cative, mas sou incapaz de apreciar uma história com erros
gramaticais e palavras mal escritas. Gralhas acontecem, está claro, não é sequer possível ter todo o conhecimento gramatical de uma língua. Mas há erros
imperdoáveis! O artista precisa de um bocado de ciência, tal como o cientista (ou
seja, um linguista) há de precisar de um bocado de arte. Prefiro, no entanto, ler
o livro de um cientista (linguista!) desprovido de arte do que o de um artista
ignorante para com a ciência. Não há estrutura científica que garanta o sucesso
de um romance; é preciso ter arte. Mas, se a mesma pessoa escrever dois
romances com enredos semelhantes: no primeiro, segue a estrutura que,
cientificamente, atrai mais o leitor – pelo menos, na atual época em que
vivemos – e, no segundo, acredita que a sua arte é suficiente para cativar o
leitor, acredito, veementemente, que o primeiro romance seria melhor, pelo
menos na maioria das vezes. Então, arte ou ciência? Ambas (ou nenhuma?), mas uma mais do que a outra (ou as duas de igual forma?). A ciência sobrepõe-se. Pelo
menos, para mim, o que quer que isso signifique.
António F. Vicente, 18/10/2023
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